AULA 5.2 - A REPÚBLICA OLIGÁRQUICA E SEUS MECANISMOS
Em 1898, no governo de Campos Salles, se deu o apogeu da ordem oligárquica no Brasil. As oligarquias cafeeiras comandavam a política brasileira e também o poder econômico do país se utilizando de mecanismos que evitavam possíveis instabilidades políticas e garantiam esse controle.
A "política do café com leite", nome referindo-se as economias de São Paulo (café) e Minas Gerais (leite), foi um acordo feito entre o governo federal e as oligarquias estaduais pra que houvesse alternância entre os presidentes da República, um mandato era escolhido um presidente paulista, e no outro um mineiro. Essa aliança entre os dois estados permitiu que fossem mantidos os interesses das oligarquias.
Mas era preciso que outros estados também dessem apoio para a continuação desse acordo. É nesse momento que entra em ação a "política dos governadores", um acordo feito entre os estados e o governo federal em que os governadores aceitariam a alternância na presidência por São Paulo e Minas Gerais e em troca ganhariam total autonomia em seus estados, sem que o presidente interferisse em suas políticas internas. Para garantir que essa ação desse certo, criou-se a Comissão de Verificação, setor que fazia a diplomação de deputados e senadores estaduais. Caso algum candidato que não concordasse com o acordo feito com o governo federal ganhasse a eleição, a Comissão de Verificação impedia que ele fosse eleito, alegando haver fraude eleitoral, essa ação foi chamada na época de "degola" de opositores e fazia com que só os coniventes com o acordo chegasse ao poder. Com esses mecanismos as oligarquias mantinham as relações políticas do país estáveis e estabelecidas, para que pudessem tratar da economia ao seu modo.
Nas eleições estaduais, em troca de benefícios dos governadores, os coronéis garantiam a vitória deles nas eleições por meio do "voto de cabresto", um voto aberto onde os eleitores eram coagidos pelos coronéis a votar no candidato estabelecido por ele, e em troca até poderiam ganhar algum bem material ou serviço, mas se não o fizesse poderia sofrer castigos físicos, perda do emprego e até suas famílias poderiam ser agredidas. Em meio a essa manipulação coronelista nas eleições, também existiam outras fraudes eleitorais como o voto de analfabetos, aos quais entregavam-lhe o papel do voto já assinado e com candidato correspondente. Até pessoas falecidas eram encontradas como sendo eleitores. Assim, o coronelismo garantia a sucessão "correta" dos governadores do estado.
No âmbito econômico, o Brasil passava por uma grave crise econômica deixada pelos primeiros anos de República. Para diminuir a inflação e sanar as dívidas externas do país, Campos Salles promoveu o primeiro funding loan, um acordo feito entre o governo brasileiro e bancos internacionais onde o Brasil poderia financiar as dívidas externas através de um novo empréstimo, em troca o governo brasileiro iria tomar atitudes para diminuir a inflação e reduzir os gastos públicos como a não emissão do papel-moeda, o mil-réis. A alfândega do Rio de Janeiro, da Estrada de Ferro da Central do Brasil e do serviço de abastecimento de água, teria sua receita penhorada se o empréstimo não fosse pago em até onze anos. Até um certo período essa medida estava funcionando, mas com o tempo, sem a circulação da moeda no país, o resultado foi o aumento da pobreza no país, as pessoas não podiam garantir seu sustento porque não tinham como possuir dinheiro, arrocho salarial, falência de bancos, aumento no índice de desemprego e o desenvolvimento industrial do país estacionado.
O preço do café, produto produzido pelos estado de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, também estava caindo, fato que fez os governantes desses estados tomarem providências. Em 1906, eles organizaram uma reunião em São Paulo, na cidade de Taubaté, e concluíram que para o café voltar a ser valorizado no mercado internacional, era preciso que eles comprassem toda a produção de café com antecedência e a um preço único, assim poderiam estocar o produto e ajustar os preços conforme o índice de vendas. Esse acordo foi chamado de Convênio de Taubaté. Na época Rodrigues Alves, presidente vigente e também cafeicultor, negou as medidas desse acordo, mas o Congresso, formado por apoiadores da política cafeeira, aprovou o projeto.
Esse projeto posteriormente não deu certo, pois o país precisava fazer constantes empréstimos no exterior e aumentava mais ainda a dívida externa. Sem falar que outros países passaram a produzir o café, o que levou o preço do produto a despencar e a economia brasileira ao fracasso.
Algo parecido aconteceu no estado do Amazonas, após a descoberta que o látex poderia ser usado para produzir borracha e com a evolução dos meios de produção desse produto, iniciou-se um surto de procura pela borracha, encontrado em larga escala em Manaus e Belém e sendo essa região a única que detinha a produção. Mas com o tempo os europeus começaram a desenvolver plantações muito mais produtivas na Ásia, inutilizando a compra do produto no Brasil. Mesmo assim, esse período em alta das vendas propiciou uma modernização e um avanço urbano significativo nas cidades de Belém e Manaus.
Anos depois, com a queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque em 1929, o preço do café desmoronou completamente e base da economia da República Oligárquica se fragilizou ao ponto de acabar com o domínio das oligarquias cafeeiras no Brasil.
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